NOVOS TEMPOS – NOVOS SINTOMAS
A vida não tá certa nem errada
Aguarda apenas nossa decisão
Zélia Duncan
Depressão, fobia, medo generalizado, ansiedade, fracasso escolar, toxicomania, bulimia, anorexia, bullying, violência despropositada são os Novos Sintomas do século XXI. Vivemos uma sensação de desorientação, o que é curioso em meio a tanta informação e tanta possibilidade de escolha, que estejamos perdidos. “O que fazer frente a isso?” é a pergunta que nos inquieta.
Vivemos uma era
O sintoma na psicanálise tem um estatuto próprio, expressão do sofrimento e satisfação humana. Diz da singularidade, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, o ser humano expressa no seu corpo seus sofrimentos, conflitos e prazeres paradoxais.
Na época de Freud a histeria, que era erroneamente interpretada, até como possessão demoníaca, pode ganhar com a psicanálise respeito e dignidade – manifestação mental traduzida como distúrbio orgânico, em outras palavras, é expressão da subjetividade da pessoa
Ao afirmar: “O eu não é senhor na sua própria casa”, Freud chama para si a responsabilidade de ter provocado a terceira ferida narcísica à humanidade, através da descoberta do Inconsciente, dimensão psíquica e sede dos desejos sexuais infantis reprimidos. Junto com Copérnico – a terra não é o centro do universo, e com Darwin – a evolução da espécie, Freud demonstra o descentramento da razão humana na consciência e afirma a determinação inconsciente dos nossos comportamentos.
Diante dos Novos Sintomas, a intervenção do psicanalista deve ser diferenciada para que se tenha respostas no tratamento. Antes ele interpretava o sujeito do inconsciente, hoje ele responsabiliza o ser falante causado por seu inconsciente.
Freud, para decifrar os sintomas do seu tempo, inventou o Complexo de Édipo, matriz de amor e ordenador da sexualidade e da subjetividade humana, o que dava sentido e explicação às nossas estranhezas, porém, tal matriz não é eficaz para o entendimento dos Novos Sintomas. Esses trazem em comum a impossibilidade de serem explicados, onde as causas não veiculam mais a ordem do sentido ou da decifração. Os novos sintomas pedem mais do que um saber, uma postura conseqüente que tem como característica: implicar-se naquilo que diz, naquilo que faz, responsabilizando-se pela surpresa, pelo acaso, por perdas e pelo limite.
Patrícia Furlan e Liége Selma Lise
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